Vicentino, Ministro da Educação fala sobre escolas cívico-militares na Baixada Santista

"Há projetos autorizados em Guarujá, São Vicente e Santos”, diz ministro

Por: Rosana Rife  -  30/05/21  -  19:19
 “ Hoje a prioridade é colocar comida no prato do brasileiro”, afirma Milton Ribeiro, Ministro da Educação
“ Hoje a prioridade é colocar comida no prato do brasileiro”, afirma Milton Ribeiro, Ministro da Educação   Foto: Matheus Tagé/AT

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, esteve na última segunda-feira (24) em São Vicente, sua terra natal, participando de cerimônia para divulgar a nova versão do programa utilizado pelas secretarias de Educação para apresentar projetos ao Governo Federal. Com a versão on-line, ficará mais fácil e rápido solicitar recursos e ver propostas aprovadas, além de servir para a União gerenciar os recursos de forma mais eficiente. No evento, ele falou também de outros temas relacionados à pasta, principalmente sobre recursos para 2021 e ações destinadas à Baixada Santista. Confira a entrevista.


Há investimentos ou novidades para escolas na região?


Tem as escolas cívico-militares, que muita gente fala, até por desinformação, mas é sucesso total no País. Há alguns que são contra por questões ideológicas. Respeito. Mas tenho 200 cidades na fila de espera e não tenho recurso para atender. Escola cívico-militar não vai colocar militar para dar aula e nem para a direção. Não é nada disso. Falta entendimento e a ignorância é a mãe de muita coisa ruim. Como funciona: vou trazer pessoas para dentro da escola, para assessorar os diretores e professores, que continuam sendo civis. Eles vão assessorar como monitores e em questões de disciplina. É isso o que está faltando em muitas escolas públicas. É uma bagunça, muitas vezes. Não em todas, porém há casos de alunos que batem em professor, riscam carros. Pela experiência que temos, o entorno do lugar - geralmente são bairros que têm histórico de violência - acaba todo beneficiado. Somem os traficantes e aquela violência gratuita. Só o fato de termos oito ou dez militares, mesmo da reserva, já impõem um perfil diferente para a escola.


Já há três projetos aprovados para implantação de escolas do tipo, quando eles começam a funcionar nesse modelo?


projetos autorizados em Guarujá, São Vicente e Santos. Quando a gente autoriza, a previsão orçamentária já está concretizada. Guarujá quem escolheu foi o governador (João Doria, PSDB). Nós somos democratas. Para uma escola ser implantada, ouvimos a comunidades, sobretudo pais, alunos, funcionários e professores. Eles dão um aceite de que querem participar do projeto. Não é algo forçado de cima para baixo.


Investimentos na Educação. Houve cortes, principalmente para universidades federais. Como está a situação? Houve protestos de estudantes universitário, na porta do evento, preocupados com o futuro de suas unidades.


O Governo não fabrica dinheiro. Os recursos vêm da arrecadação de tributos. Em uma época como essa, com a pandemia, com tantos problemas, os impostos diminuíram. Então, não é uma questão que o presidente (Jair Bolsonaro) decidiu cortar verbas da Educação. Nós focamos primeiro no plano de atendimento à covid-19. Foram bilhões de reais. Ajudamos estados e municípios e ainda teve o auxílio emergencial. O presidente falou comigo de uma maneira muito direta e disse: eu sou o gestor do Brasil todo e não somente da Educação. E entre adiar um projeto de pesquisa, uma construção, uma obra e colocar comida no prato de um brasileiro, qual decisão você quer que eu tome? Tive de baixar a cabeça e concordar com ele. Hoje estamos vivendo um tempo de guerra.


Como serão os trabalhos, então, com o orçamento que o senhor tem?


O Orçamento do MEC é o terceiro maior da Esplanada. Ano passado, somente o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) teve um orçamento de R$ 55 bilhões, parte usada em alimentação, porque temos o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). A cesta básica e a comida que as crianças das escolas públicas recebem, com todo respeito, não é recurso do Estado e nem do Município. Isso vem do Governo Federal, que manda os recursos. Foram R$ 4,3 bilhões que demos para o País todo. E, mesmo na pandemia, sem aulas presenciais, disse para o presidente que havia criança indo para a escola comer, mesmo sem aula. E ele me perguntou o que queria. Então, pedi autorização para fazer kits. Usei dinheiro que era para fazer comida na escola e os estudantes receberam os kits em casa. Voltei novamente para o presidente no final do ano solicitando autorização para repetir a operação em dezembro e janeiro. E ele autorizou, uma vez que eu tinha verba.


As aulas presenciais serão retomadas no pós-pandemia? Por que há estudantes protestando, dizendo que não haverá recursos para isso.


Claro que sim. O Brasil é um País continental. Não posso de Brasília dar ordem para todos, porque há fases diferentes em vários estados. Quando for possível, elas serão retomadas.


E quanto a recursos para a pesquisa. Como ficam?


Os recursos para pesquisa, é o que disse, acho que no momento de guerra, temos de eleger a prioridade e repito hoje a prioridade é colocar comida no prato do brasileiro.


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