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Cidades

Cidades tentam frear 'sumiço' da faixa de areia nas praias do litoral de SP

Ideia é desacelerar o processo de erosão costeira, que afeta diversas praias da região

Daniel Gois

14 de agosto de 2023 às 10:54
Praia do Itararé, em São Vicente, é uma das que sofrem com o processo de erosão costeira

Praia do Itararé, em São Vicente, é uma das que sofrem com o processo de erosão costeira ( Foto: Vanessa Rodrigues/AT )

As prefeituras da Baixada Santista estudam intervenções para desacelerar o processo de erosão costeira. A situação tem piorado com mudanças climáticas e ressacas constantes, o que preocupa pesquisadores.

Um exemplo é o monitoramento feito em São Vicente. Entre segunda e sexta-feira passadas, pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) estiveram nas praias do Município, como Gonzaguinha, Milionários e Itararé, para prosseguir com estudos sobre o tema.

Em Santos, a região da Ponta da Praia, uma das mais agredidas pelas ressacas, conta com barreiras submersas para diminuir a força das ondas e gerar o acúmulo de areia: as chamadas geobags.

O secretário municipal de Meio Ambiente, Marcos Libório, cogita expandir o programa até a região do Canal 5 — algo que foi comentado em setembro do ano passado, após ressaca e danos nas proximidades do Aquário —, mas ressalta que o tema ainda está sendo estudado.

“Existe um estudo de expansão das geobags. Estamos trabalhando alguma possibilidade junto com a Autoridade Portuária (de Santos), para que possam ser analisados quais os efeitos dessa extensão. Há um estudo em andamento para, quem sabe, chegar até o Canal 5. A gente percebe uma redução muito importante da areia naquela região. A gente precisa estudar e fazer alguma alteração”, afirma Libório.

Problema regional

O professor e pesquisador Ronaldo Christofoletti, coordenador do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) na Baixada Santista, explica que o aumento do nível do mar e a frequência de eventos extremos, como ressacas e enchentes, aceleram o processo de diminuição da faixa de areia.

Além da Ponta da Praia, em Santos, ele cita como exemplos a Praia do Tombo, em Guarujá, e as cidades de Ilha Comprida, no Vale do Ribeira, e Caraguatatuba e Ubatuba, no Litoral Norte.

“Dependendo da força da onda e da direção, dos momentos de ressaca, vamos ter maior ou menor erosão. Quando o mar aumenta seu nível e a frequência das ressacas também, você tem mais força, então o processo erosivo aumenta cada vez mais”, comenta.

Segundo ele, é difícil prever quais as próximas praias que podem sofrer com esse problema. Para isso, é preciso investir em estudos e mapeamentos da zona costeira da região.

“Existe um processo de erosão de praia, que é sazonal. A água, dependendo das correntes ao longo das estações, gera essa mudança de sedimentos. Estamos começando a viver uma aceleração do processo erosivo e, principalmente, em áreas em que isso nem iria acontecer, por conta dos impactos das mudanças climáticas”, alerta.

Outras prefeituras

Outras prefeituras da região afirmam atuar para conter a erosão. A de Praia Grande cita estudos da geóloga Celia Regina de Gouveia Souza, que analisa os fenômenos de erosão costeira nas praias do Litoral de São Paulo desde 1992.

Constatou-se que as praias dos bairros Solemar e Mirim, ao sul, tiveram mais erosão. Também há perda de areia no Canto do Forte. Os dados foram expostos em reunião do Conselho Municipal da Defesa do Meio Ambiente (Condema), no ano passado.

A Secretaria de Meio Ambiente tem como proposta inicial proteger a vegetação de jundu remanescente, para que a regeneração natural ocorra gradualmente.

Em São Vicente, para este mês, está prevista uma reunião entre membros da Prefeitura e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, que estuda as praias locais. Deve ocorrer no Centro de Controle Operacional, onde os primeiros dados serão apresentados.

Guarujá e Bertioga

Em Guarujá, o projeto Areia Viva monitora a qualidade sanitária e a movimentação natural da areia de dez praias, desde janeiro do ano passado. A Prefeitura prevê que os estudos terminem em dezembro de 2024.

A pesquisa engloba as praias do Tombo, Guaiuba, Enseada, Astúrias, Pitangueiras, Iporanga, São Pedro, Tijucopava, Taguaíba e Prainha Branca. Após os resultados, o Município deve elaborar mecanismos para conter a erosão da costa.

Paralelamente, a Cidade procura combater o descarte irregular de resíduos e preservar a vegetação de jundu, que combate o processo de erosão costeira e atrai aves. O plantio pode ser visto em Enseada, Guaiuba e Tombo.

Em Bertioga, a Secretaria de Meio Ambiente diz que o Município está “relativamente tranquilo” quanto à erosão das praias, sem demandar, ainda, o uso de tecnologias ou geobags.

A pasta citou que busca estudar e se aproximar de entidades que já fazem levantamentos, como o Instituto Geológico do Estado.

Litoral Sul

Em Itanhaém, além de recuperar a vegetação, a Cidade planeja instalar elementos naturais de proteção das áreas costeiras, como troncos, e placas indicativas. A recuperação de áreas degradadas e de rios urbanos, como os do Poço, Campininha e Bicudo, também estão nos planos. As medidas integram um plano municipal de combate à erosão desenvolvido pela Cidade;

Em Mongaguá, a Prefeitura relembra que o Município foi atingido por fortes ressacas no primeiro semestre de 2020, que danificaram cerca de dez quilômetros da orla, impactando muretas de contenção, canais de escoamento, calçadão da praia, ciclovia e quiosques. Os reparos são feitos com verba federal.

Também será usado o método de enrocamento como proteção da costa — o uso de blocos rochosos para compor uma barragem.

A Prefeitura de Peruíbe não respondeu até o fechamento desta edição.

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