
A caravela portuguesa só representa risco para o ser humano quando há contato com a pele (Reprodução/Redes sociais)
Uma caravela portuguesa (Physalia physalis) foi flagrada morta na faixa de areia da praia de Peruíbe, próxima à região do bairro Centro. Segundo o biólogo Rafael Silva, especialista do Aquário AquaFoz, esses animais são comuns na região e habitam todos os oceanos. As imagens do espécime foram publicadas nas redes sociais em janeiro deste ano.
De acordo com o especialista, a caravela portuguesa faz parte do grupo dos cnidários, que inclui águas-vivas, corais e anêmonas. Esses animais são exclusivamente marinhos e formam uma colônia heteromorfa, ou seja, dois organismos diferentes, mas unidos anatomicamente, com funções específicas. Rafael explica que as caravelas não possuem estruturas de locomoção próprias, o que faz com que flutuem de acordo com as correntes marítimas e os ventos. Ele também destaca que o nome "caravela portuguesa" se deve à semelhança com as embarcações usadas pelos portugueses durante o período de colonização do Brasil.
Rafael esclarece que todos os cnidários possuem células urticantes chamadas cnidócitos, que contêm estruturas denominadas nematocistos. Essas estruturas armazenam toxinas, necessárias para a captura de alimento e que podem ser prejudiciais aos seres humanos, causando queimaduras que variam de moderadas a graves quando há contato direto. Essas células estão localizadas nos tentáculos do animal, que podem atingir mais de 30 metros de comprimento em algumas espécies.
O biólogo explica que a caravela portuguesa só representa risco para o ser humano quando há contato com a pele. Nesse caso, o animal libera a toxina, provocando queimaduras e reações alérgicas que podem até levar a um choque anafilático. Mesmo após a morte do animal, suas células permanecem ativas, por isso, é importante evitar tocar nele, mesmo quando já estiver sem vida.
O corpo da caravela, especificamente a parte flutuante, pode medir entre 30 a 40 cm, enquanto seus tentáculos, em média, atingem cerca de 20 metros. O especialista destaca que algumas espécies podem chegar a 50 metros de comprimento, mas esse fenômeno não ocorre nas águas brasileiras.
Rafael também conta que poucas espécies conseguem se alimentar da caravela portuguesa, sendo as tartarugas marinhas e os peixes-luas imunes às suas toxinas.
Quando elas aparecem no litoral paulista
Quando questionado sobre o período em que as caravelas são mais frequentes no litoral paulista, o biólogo explica que, devido à direção dos ventos e das correntes marítimas, a ocorrência dessas criaturas é mais comum no verão.
Dicas de segurança
O especialista recomenda que, quando houver um grande número de caravelas na região, é melhor evitar nadar nesses locais, pois seus tentáculos podem ser difíceis de ver na água, e devido ao tamanho deles, a chance de acidentes aumenta. Caso ocorra um encontro indesejado e haja contato com os tentáculos, algumas medidas podem ser adotadas para aliviar os sintomas.
- - Compressas geladas (como água do mar gelada ou cold packs) podem ajudar no alívio. É importante evitar o uso de água doce para lavar a área afetada, pois isso pode agravar a lesão.
- - A remoção dos tentáculos aderidos à pele deve ser feita com cuidado. O local deve ser lavado abundantemente com ácido acético a 5% (como vinagre, por exemplo).
Rafael alerta que, embora essas ações possam proporcionar alívio, é essencial procurar avaliação médica e tratamento de urgência, pois a sensibilidade de cada pessoa às toxinas pode variar.
Assuntos relacionados