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Editorial A Tribuna

Plano que pode ter desfecho imprevisível

Há um vácuo político internacional, sem líderes hábeis para mediar um entendimento ainda que temporário

ATribuna.com.br

20 de setembro de 2024 às 08:57Modificado em 20 de setembro de 2024 às 09:00
(Reprodução/Redes sociais)

(Reprodução/Redes sociais)

Com um claro objetivo de abalar a moral e arranhar a imagem combativa da milícia libanesa Hezbollah, o plano de detonação de pagers e walkie-talkies foi bem-sucedido. A iniciativa audaciosa gerou espanto além do Oriente Médio, e deve dar força política aos israelenses, que são imensamente pressionados para assinar um cessar-fogo com o Hamas ou, no longo prazo, aceitar a coexistência com um Estado Palestino. O governo de Tel Aviv não assumiu a responsabilidade pelas explosões dos aparelhos tecnologicamente ultrapassados usados pela organização arqui-inimiga (adotados para dificultar escutas do adversário), mas o Hezbollah e fontes americanas do The New York Times apontaram para o Mossad, serviço secreto de Israel.

Porém, foi mais um sinal de que a guerra contra o Hamas tende a ser escalada para o Oriente Médio. O Irã já prometeu vingança, ontem foi a vez do Hezbollah, e no domingo as forças israelenses avisaram que vão retaliar os houthis, do Iêmen, por ataque com míssil. Nesse ritmo, os apelos por paz ou pelo menos moderação são ignorados e os Estados Unidos pouca influência conseguem ter sobre o premiê Benjamin Netanyahu, cujas ações militares são essenciais para a sobrevivência de seu governo.

Segundo reportagens, o plano audacioso pode ter sido arquitetado há um bom tempo, com uma empresa de fachada, o que permitiu acoplar pequenos explosivos detonáveis nos aparelhos. Mais de 30 militantes do Hezbollah ou seus parentes morreram e 3,2 mil ficaram feridos em dois dias de explosões. Ontem, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, admitiu que a milícia sofreu um “duro golpe” – na verdade, a imagem da organização perante os próprios aliados na região saiu muito abalada.

Do lado prático para justificar esse plano, se Israel invadir o sul do Líbano, como muitos analistas acham inevitável, o Hezbollah pelo menos de início terá problemas de comunicação para se organizar contra Tel Aviv. Em meio à guerra contra o Hamas, o sul do Líbano e o norte de Israel trocam intenso bombardeio, com 100 mil habitantes evacuados de cada lado. Além do clamor pela libertação dos reféns levados para Gaza, Netanyahu também é cobrado para resolver o problema do norte do país.

Com todos os lados mirando um conflito regional, este seria um momento para que lideranças mundiais patrocinassem um grande acordo, pois as perdas militares, de civis e econômicas atingiriam todos os lados – sem um vitorioso em definitivo. Analistas afirmam que há um vácuo político internacional, sem líderes hábeis para um entendimento ainda que temporário. Além disso, o governo de Israel é sustentado pelo apoio de extremistas de direita e opostos a um Estado Palestino, que é defendido pela Arábia Saudita para se aproximar de Israel. São problemas regionais de impacto global cada vez mais difíceis de serem atenuados, porque a animosidade virou um padrão da política no mundo todo.

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