
(Carlos Lorch/Divulgação)
Grandes personalidades se tornam conhecidas pelo nome da cidade ou estado que nasceram. Igualmente, prestigiados surfistas recebem o apelido pela praia que cresceram e se destacaram, mas apenas um ganhou o nome do edifício que marcou época. É o caso de Paulo Tendas, o paulistano que passou a viver no apartamento de veraneio da família, no pioneiro Edifício Tendas da Praia das Astúrias, no Guarujá.
Paulo Eduardo Ribeiro Martins já competiu antes mesmo de nascer. Filhos de Arthur Ribeiro Martins e Yvonne Regulski Ribeiro Martins, os gêmeos Paulo e Silvia nasceram em São Paulo, no dia 5 de setembro de 1958, mas foi no Guarujá que Paulinho descobriu o verdadeiro sentido da sua existência. A família descia a serra e curtia os finais de semana e feriados na praia, onde Paulinho, já aos 9 anos, pescava no canto das Astúrias na companhia do amigo Valter Pieracciani. Os dois também se divertiam com as pranchinhas de madeira, um pequeno pedaço de compensado com bico envergado e encaixe para as mãos, para surfar ondas de peito.
Filho de uma tenista ranqueada em torneios internacionais, Paulinho tinha muita facilidade nos esportes. Aos 12 anos, ele competia pela equipe de voleibol no Mackenzie, escola que estudava na Capital. Acometido de bronquite, a família seguia as recomendações médicas para que Paulinho respirasse o ar úmido do Litoral. Confiando no tratamento, o menino passou a morar no Guarujá.
Em 1967, conheceu o surfe e ganhou uma prancha Glaspac. Buscando o máximo em performance e superação para sua doença, Paulinho se desafiava. Corria sistematicamente do Canto do Tortuga, na Praia da Enseada, até as Astúrias e era um exímio nadador. Valter acompanhava de prancha o nadador, num percurso em águas abertas, do Canto do Maluf até a Praia do Tombo.
Na transição para as pranchinhas, Paulinho se aproximou de Roberto Teixeira, mais velho e experiente. Ele contou com a ajuda de Roberto para convencer a mãe a deixa-lo entrar de cabeça no surfe e também encomendar uma das sonhadas pranchas do fabricante Thyola, seu futuro patrocinador com a Lightning Bolt.
Nessa época, dois núcleos de surfe formavam na região: um na Praia de Pitangueiras e o outro nas Astúrias, onde se reuniam Paulinho, Valter, Roberto Teixeira, Luís Mello, Marcelo Fló Magoo, Chicão, Teto Del Nero, entre outros.
Paulinho começou a vencer campeonatos no Guarujá. Depois, encarou as competições pelo Litoral Norte. Quando surgiram os festivais de Ubatuba e Saquarema logo se destacou. Em 1976, na Praia de Itajaí, Paulinho derrotou Daniel Friedmann no auge. Em 1977, venceu o Torneio Gledson. Paulinho foi várias vezes finalista dos torneios nacionais nos anos 1970 e início dos anos 1980. Dono de um estilo único e um competidor nato, Paulo despertava a simpatia do público, dos outros surfistas e juízes pelo seu carisma inato.
A continuação dessa história será publicada em nossa próxima coluna. Colaboração de Paula Tendas, Roberto Teixeira, Reinaldo Andraus e Valter Pieracciani.
Acompanhe nossas publicações nas redes sociais @museudosurfesantos. Coordenador de pesquisas históricas do Surfe @diniziozzi - o Pardhal