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Tribuna Livre

O reflexo do juro alto na economia real

A busca por crédito no Brasil desabou

*Gregório José

7 de abril de 2025 às 06:28Modificado em 7 de abril de 2025 às 06:29
(José Cruz/Agência Brasil)

(José Cruz/Agência Brasil)

A busca por crédito no Brasil desabou. Em fevereiro de 2025, houve uma queda de 4,83% na comparação com o mesmo mês de 2024. Se olharmos apenas a passagem de janeiro para fevereiro, o tombo foi ainda maior: 21,14%.

Os números divulgados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) refletem o aperto das condições financeiras no País.

O fenômeno tem explicação óbvia: juros altos tornam o crédito mais caro. O consumidor, já pressionado pelo custo de vida e pelo endividamento, segura a mão antes de se comprometer com novas dívidas. Além disso, a restrição imposta pelos bancos e financeiras deixa muita gente de fora do jogo. Hoje, um terço dos brasileiros que tentam crédito está com o nome sujo. E, convenhamos, mesmo quem está com o nome limpo pensa duas vezes antes de assumir novos boletos.

O reflexo disso não é pequeno. Sem crédito, o consumo esfria. Setores como varejo e construção civil, que dependem diretamente da capacidade de endividamento das famílias, sentem o baque.

Em vez de um novo financiamento, o consumidor opta por segurar o que tem e, quando possível, buscar alternativas mais baratas, como fintechs e cooperativas de crédito. Mas até essas, diante do risco de calote, apertam as condições.

O perfil de quem ainda busca crédito revela que a maioria são homens (53,18%) e que o grupo mais ativo está na faixa dos 40 a 49 anos (24,84%). Quando conseguem a aprovação, 86,23% vão para o empréstimo e apenas 11,86% partem para o financiamento.

Esses dados mostram que a maior parte dos consumidores não está trocando de carro ou investindo em imóvel — está pegando dinheiro emprestado, muitas vezes, para pagar dívidas ou cobrir despesas do dia a dia.

Por trás de tudo isso, há uma realidade incontestável: crédito caro desaquece a economia. O Banco Central, ao manter os juros elevados, tenta controlar a inflação, mas gera um efeito colateral inevitável: menos dinheiro circulando, menos consumo e, em última instância, crescimento mais lento.

O dilema é conhecido. O desafio, agora, é encontrar o ponto de equilíbrio antes que a engrenagem pare de vez.

*Gregório José. Jornalista, radialista e filósofo

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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